Psicólogo Wilsius Norte

 

Os jogos de role-playing (RPG) têm capturado a imaginação de jogadores em todo o mundo desde a sua concepção.

 

De jogos de mesa como “Dungeons & Dragons”, “Vampiro: a Máscara”, GURPS, e tantos outros – a complexos mundos virtuais em RPGs online massivos, oferecem uma oportunidade de explorar novas identidades e mundos imaginários.

 

Na fase adulta, a importância do lúdico não deve ser subestimada. Infelizmente, à medida que envelhecemos, somos frequentemente encorajados a abandonar o jogo e a fantasia, sob a pressão de responsabilidades crescentes e normas sociais que associam a seriedade à maturidade.

 

E aqui, nós perdemos – muito. Este afastamento do lúdico pode levar à perda de criatividade, espontaneidade e até mesmo ao enfraquecimento de habilidades emocionais e sociais, sem falar no conflito entre deixar ou não deixar de jogar, e todo o caos que surge disso.

 

Bora dar uma olhadela mais crítica?!

 

Uma das características mais marcantes dos RPGs é a criação e o desenvolvimento de personagens pelos jogadores. Este processo permite uma autoexploração e expressão que é bem terapêutica – digamos assim.

 

Em um ambiente seguro e controlado, os jogadores podem experimentar diferentes aspectos de suas personalidades, explorar novos comportamentos e até mesmo confrontar medos e inseguranças.

 

O desenvolvimento de personagens – e da história jogada/narrada, funciona como uma forma de auto-reflexão, onde os jogadores projetam partes de si mesmos a partir dessa construção narrativa.

 

Essa prática leva a um melhor entendimento de si mesmo e do outro – promovendo a vivência da empatia e da autocompreensão. Faz com que cada pessoa ali, saia fora de sua caixinha por algum tempo.

 

A liberdade de escolha e a criatividade envolvidas na construção de um personagem auxiliam na autoestima e na sensação de competência.

 

Os RPGs em sua prática, acabam por auxiliar também no desenvolvimento de uma gama de habilidades cognitivas – incluindo resolução de problemas, planejamento estratégico e tomada de decisão.

 

Jogos de mesa, por exemplo, muitas vezes envolvem cálculos matemáticos, lógica e análise crítica, enquanto RPGs online podem demandar uma rápida adaptação a novos cenários e a coordenação com outros jogadores.

 

Além dos benefícios cognitivos, precisamos observar também as habilidades sociais. Tanto os jogos de mesa, quanto os online encorajam a cooperação e a comunicação entre os jogadores.

 

A necessidade de colaborar para alcançar objetivos comuns fortalece laços sociais e desenvolve habilidades de trabalho em equipe. Para muitos, o RPG fornece uma comunidade onde podemos formar amizades duradouras e um senso de pertencimento – e isso é uma das coisas mais intensas no ato de jogar RPG.

 

O uso de RPGs em contextos terapêuticos tem ganhado atenção crescente – e pode ser utilizada para ajudar indivíduos a enfrentar traumas, melhorar habilidades sociais e desenvolver mecanismos de enfrentamento. É uma ferramenta lúdica que alcança de formas transversais muitas demandas na clínica.

 

Ao criar cenários que refletem os desafios da vida real, o psicólogo pode guiar os pacientes através de situações difíceis de uma forma controlada e segura.

 

Os RPGs também podem ser utilizados para trabalhar com crianças e adolescentes com dificuldades de socialização ou transtornos do espectro autista.

 

A natureza estruturada e previsível dos jogos oferecem um ambiente confortável para praticar interações sociais e aprender novas habilidades de comunicação.

 

O lúdico é um caminho para manter a saúde mental e emocional. Jogos como RPGs resgatam essa parte vital da nossa psique, proporcionando um espaço onde adultos podem explorar, criar e experimentar sem os julgamentos do mundo real.

 

Ao embarcar em aventuras imaginárias e desenvolver personagens, os jogadores não só se divertem, mas também exercitam a criatividade, a empatia e a autoexpressão. O RPG torna-se, assim, um refúgio terapêutico onde o adulto pode redescobrir a alegria do jogo e a magia da imaginação, elementos essenciais para uma vida equilibrada e enriquecedora.

 

Os RPGs são, por fim (ou início, vai saber?!) uma forma complexa e ao mesmo tempo simples, de trabalhar internamente muitas demandas e conflitos.

 

Então, bora jogar?!

 

E não esqueça: Você é Incrível!

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