Psicólogo Wilsius Norte

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Eu curto quadrinhos. Foi como aprendi a gostar de ler e é algonque carrego comigo até hoje.

 

Gosto do que está nas entrelinhas, gosto do que me recorda saber – inclusive reler.

 

Estes dias me deparei com essa historia. Herois em Crise, uma saga da DC (sim, a casa do Batman, Superman, Mulher-Maravilha, Liga da Justiça e zilhões de outros heróis e vilões).

 

A história me trouxe surpresas, fragilidades, mistérios e humanidade.

 

Essa narrativa, de heróis em colapso mental não é só para os quadrinhos; ela espelha nossas próprias crises – nossas dores disfarçadas e a vergonha que temos de admitir que, por trás da máscara, somos todos vulneráveis. Todos.

 

Essa é a verdade: estamos todos em crise, e não há superpoder que nos salve da nossa mente.

 

Na saga, heróis como o Flash, Superman, Batman, e muitos outros enfrentam suas próprias sombras no Santuário – um centro de reabilitação projetado para ajudá-los a lidar com seus traumas e estresses.

 

A ironia? Esses heróis, que já enfrentaram vilões, catástrofes globais e viagens no tempo, se veem impotentes diante de seus próprios demônios internos.

 

E nós? Somos muito diferentes?

 

Quantas vezes colocamos a capa de “fortes” para esconder nossos medos e inseguranças?

 

Como aqueles heróis, andamos por aí fingindo que somos invencíveis, que podemos carregar o peso do mundo nas costas, sem nunca mostrar rachaduras.

 

E essas rachaduras existem! Ignorá-las só faz com que cresçam, até que um dia, sem aviso, tudo desmorona.

 

O Santuário é um lugar onde os heróis podem confessar seus traumas sem medo de julgamento.

 

Na vida real, onde está o nosso Santuário? Este espaço seguro. Este tempo oportuno. Onde, quando, em nosso dia-a-dia, nos sentimos seguros para expressar nossas vulnerabilidades?!

 

Nas redes sociais, onde só mostramos os melhores momentos? Ou talvez em nossas conversas rasas, onde afirmamos que está tudo bem, quando na verdade estamos à beira de um colapso?

 

Nós também precisamos de um Santuário, mas onque temos?! O que nos permitimos ter?!

 

E nisso, nossa saude mental quebra.

 

Como os heróis, muitos de nós somos atormentados pela sensação de não sermos suficientes. Podemos ter uma vida confortável, um emprego estável, mas dentro de nós, a batalha continua.

 

E o inimigo? Nós mesmos.

 

Nessa história, os heróis se questionam se estão à altura de suas responsabilidades, se suas ações são justas, se seus sacrifícios valem a pena.

 

Essa crise de identidade, esse medo de falhar, é universal. Você pode não estar salvando o mundo, mas a pressão para ser perfeito, para não decepcionar, para estar sempre no controle, é tão real quanto qualquer supervilão.

 

A depressão, a ansiedade, o estresse pós-traumático – esses são vilões que não respeitam força física ou habilidade. Eles se infiltram nas mentes dos poderosos e dos fracos, dos ricos e dos pobres, dos heróis e dos cidadãos comuns.

 

E o que fazemos quando olhamos no espelho e vemos as mesmas rachaduras que aqueles heróis? Ignoramos? Fingimos que elas não estão lá? Ou temos coragem de enfrentá-las, de procurar ajuda, de admitir que precisamos de um Santuário?

 

O verdadeiro heroísmo não está em salvar o mundo, mas em salvar a si mesmo.

 

Admitir que está em crise, que precisa de ajuda, que não é invencível – isso exige uma coragem que poucos têm.

 

Quem disse que precisamos ser super para sermos heróis? Na vida real, reconhecer nossas crises, buscar apoio, e enfrentar nossos problemas de frente pode ser o ato mais heróico de todos.

 

E essa é a lição que ‘Heróis em Crise’ me ensinou: não há vergonha em cair, desde que tenhamos a coragem de nos levantar e lutar, não contra vilões, mas contra nós mesmos.

 

E nunca esqueça: Você é Incrível!

 

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