Eu adoro o Batsy – desde pequeno, consumo seu conteúdo – dos quadrinhos à filmes, bonecos, canecas, etc.
Para celebrar o Batman Day geralmente faço alguma composição fotográfica com bonequinhos.
Ano passado, junto com meu sobrinho, fiz uma foto com LEGO, este ano, decidi escrever um pouco.
Essa data não é apenas uma celebração de um herói dos quadrinhos, mas um reconhecimento do impacto cultural que o personagem teve ao longo das décadas.
Desde sua criação, Batman passou de um simples vigilante para um símbolo de resiliência, justiça e luta contra a escuridão interna e externa. Suas histórias exploram temas complexos de moralidade, trauma e redenção, conectando-se com fãs de diferentes idades – e isso, isso é muito top!
O Batman, ou melhor, Bruce Wayne (ou vice-versa), é o arquétipo perfeito para quem vive no ‘QuaZe’.
Sua história é uma montanha-russa de traumas, derrotas internas e dilemas existenciais que ecoam na psique de qualquer um que já se sentiu à beira de algo maior, mas incapaz de dar o passo definitivo.
A relação entre a trajetória do Cavaleiro das Trevas e a saúde mental está repleta de simbolismos, capazes de nos fazer refletir sobre nossos próprios “vilões” internos e como eles nos mantêm presos no ‘quase’.
E foi refletindo sobre isso que decidi elaborar essas linhas. Bora conferir?!
Bruce Wayne é moldado pela morte de seus pais. Essa perda o dilacera, e ali, na calçada úmida de Gotham, nasce uma sombra que ele carregaria por toda a vida.
Para muitos, a perda de alguém próximo pode ser o primeiro gatilho para o ‘QuaZe’ – aquela sensação de que nunca mais se será completo, nunca mais haverá paz.
Quantas pessoas, como Bruce, ficam presas naquele momento de dor, tentando controlar o incontrolável, mascarando a tristeza com uma armadura de força?
A psicanálise clássica reconheceria esse momento como um trauma primal, um ponto de virada que pode levar alguém a construir defesas inconscientes.
Jung falaria da Sombra – aquela parte reprimida do eu que esconde nossas emoções mais intensas, nossos desejos mais sombrios e nossos medos mais aterrorizantes.
O Bruce não reprime sua sombra; ele se transforma nela – ao invés de abraçar o lado humano, ele veste a máscara do morcego.
É a personificação do ‘quase’: alguém que toca o seu verdadeiro poder, mas ainda se esconde de sua fragilidade.
A dualidade Bruce Wayne/Batman nos apresenta um claro exemplo de uma persona que vive no limiar do protagonismo, mas que, paradoxalmente, nunca consegue se desvencilhar de seu passado.
Batman é um herói, mas também é um prisioneiro. Ele flutua entre salvar Gotham e ser consumido pela escuridão.
No conceito de ‘QuaZe,’ isso seria o equivalente a alguém que está sempre à beira de vencer seus medos, mas nunca avança para a cura total – Bruce quer vingança, quer justiça, mas nunca é capaz de encontrar redenção para si mesmo.
O ‘QuaZe’ é isso: estar tão apegado a uma narrativa, a uma dor, que qualquer tentativa de superação parece traição a si mesmo.
Sua essência está assentada sobre essa constante luta interna: você se aproxima do protagonismo, mas logo se sabota ou é puxado de volta por suas próprias sombras.
O conceito junguiano de individuação sugere que, para alguém realmente se tornar quem é, precisa enfrentar e integrar sua sombra.
O grande dilema de Bruce é que ele nunca parece capaz de fazer isso. Ele se define pela dor, pelo trauma, pela perda – e a verdadeira redenção não está em vingar o passado, e sim em superá-lo. A cada novo confronto com seus vilões, Bruce é forçado a revisitar suas feridas, mas em vez de curá-las, ele as aprofunda.
Quando vestimos o manto do morcego, vestimos nossas próprias armaduras – todos os dias – de indiferença, sarcasmo, trabalho excessivo – para esconder o fato de que estamos presos no ‘quase’, esperando que algo externo resolva nossos dilemas internos.
E assim como Bruce, precisamos reconhecer que ninguém virá nos salvar. Não há gadgets que nos resgatem de nossos próprios demônios. O único caminho para fora das sombras é enfrentá-las diretamente, aceitando tanto nossa força quanto nossa fragilidade. O verdadeiro protagonismo vem quando, finalmente, escolhemos agir.
E essa é a claridade que quero iluminar com este texto, como se fosse um bat-sinal – em algum ponto, precisamos escolher: Ou nos escondemos atrás de nossas armaduras – nossos morcegos internos – ou decidimos confrontar nossas dores e nos tornarmos os verdadeiros protagonistas de nossas vidas.
Viver no ‘QuaZe’ é viver eternamente à beira da mudança, sem nunca realmente atravessar para o outro lado. E, se aprendemos algo com Batsy, é que não há pior prisão do que aquela que criamos para nós mesmos.
O ‘QuaZe’ pode parecer um lugar seguro, mas é apenas uma armadilha brilhantemente disfarçada.
E nunca esqueça: Você é Incrível!