Psicólogo Wilsius Norte

Quando falamos de RPG (Role-Playing Game), muita gente torce o nariz, achando que é só um passatempo para nerds que fogem da realidade.

 

Se você é um desses, lamento te informar: você está perdendo uma das ferramentas mais fodas para lidar com a sua saúde mental.

 

Não, não estou dizendo que jogar RPG vai substituir uma terapia – mas ele vai te mostrar o quanto você mente para si mesmo todos os dias e como ousar te faz evoluir, através de tudo aquilo que na vida real tememos – experiencia. Aprender com nossos erros.

 

O que o RPG faz, essencialmente, é te jogar numa realidade paralela, onde você pode ser qualquer coisa que quiser.

 

Parece fácil, né?

 

A grande sacada aqui é que, na vida real, você nunca tem essa coragem. No jogo, você cria personagens épicos: o guerreiro destemido, o mago brilhante, o vampiro desumano – todos eles com habilidades incríveis e que enfrentam desafios descomunais.

 

A verdade amarga é que, fora da mesa, você continua se escondendo nas suas pequenas crises, nos seus medos cotidianos, vivendo a vida de um NPC (personagem não-jogável), passivo, previsível, insignificante – um coadjuvante, de sua própria história.

 

Vamos ser sinceros: por que você se sente tão bem jogando RPG?

 

Porque, por algumas horas, você consegue se livrar de quem você realmente é. Você pode confrontar monstros – os do jogo e os internos – sem ter que encarar as consequências de falhar na vida real.

 

Aqui, falhar pode ser divertido. No mundo lá fora, falhar é só mais um lembrete de que você não é tão corajoso quanto achava, não é?

 

O RPG te oferece uma chance única. Ele te mostra que você é capaz de mais do que imagina. Ali, na segurança da mesa, você é capaz de tomar decisões rápidas, liderar um grupo, enfrentar perigos mortais e sair como o grande vencedor.

 

E, mesmo quando seu personagem morre, você aprende com isso, entende que pode se reinventar, criar algo novo.

 

Agora, me diga: por que na sua vida, você é incapaz de fazer o mesmo? O que te impede de ser o protagonista da sua própria história?

 

Jogar RPG é um espelho ácido da vida que você poderia estar vivendo. Cada aventura, cada missão é uma metáfora para os desafios que você se nega a enfrentar fora do jogo.

 

Jogando, você pode ser destemido, carismático, sagaz. No mundo real, você vive escondido atrás da mesa do escritório, da rotina previsível e da desculpa de que “não dá”. No jogo, você pode morrer. Na vida, você está morrendo aos poucos, preso no “quase”, sem tomar as rédeas do que realmente importa.

 

E é aí que o RPG se torna uma ferramenta de saúde mental.

 

Ele te dá um vislumbre do que você poderia ser, das escolhas que você poderia fazer, se apenas tivesse a coragem de aplicar o que aprende nas sessões ao mundo real.

 

A cada rolagem de dados, a cada decisão que seu personagem toma, você está experimentando a liberdade de ser quem você é, sem as correntes da sociedade ou das suas próprias inseguranças. O problema é que você esquece isso quando o jogo acaba.

 

A grande provocação que te trago hoje é: por que você só é corajoso no jogo?

 

No fundo, você sabe a resposta. Porque é mais fácil.

 

Porque no RPG, as consequências são fictícias, enquanto na vida real, o fracasso dói. Mas essa dor é o que falta para você sair do “quase”.

 

Jogar te ensina que você pode falhar e, ainda assim, continuar a jornada. Que seus monstros internos não são invencíveis, só precisam ser enfrentados.

 

Se o RPG te ajuda na saúde mental, é porque ele te lembra, dolorosamente, que você já tem todas as respostas.

 

Ele te mostra o caminho, mas só você pode decidir se vai sair da mesa como protagonista ou continuar vivendo como um coadjuvante que assiste a própria vida passar.

 

A escolha, assim como no jogo, é sua.

 

E nunca esqueça: Você é Incrível!

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